Entre,sinta-se à vontade. Não repare as estranhezas,as belezas...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Paz na Palestina...

Chegou atrasada, adentrou a sala e logo visualizou a roda de dança. Ela permaneceu ali, quieta, os olhos se movendo de um lado a outro da roda; observava o Mohamad conduzindo os no centro do circulo.
Sem que percebesse, a ciranda terminou. Ela foi cumprimentar as pessoas, passou a fazer parte do evento. Algumas palavras foram ditas. A mídia, inocenta Israel e julga os Hamas. Israel não tem motivos para ocupar o território Palestino, os judeus eram considerados afastados de Jerusalém. A mídia, as artes envolvem uma inocência aos judeus, atribuem todos os males às dores sofridas pelo Holocausto nazista, contudo, desviam o olhar sobre os fatos atuais. Se havia reivindicação de território, porque não buscá-los em cobrança com os alemães? Os Palestinos não haviam declarado guerra a ninguém, e não devem ficar isolados quando evidentemente decorrem sérios genocídios. Genocídios estes, que obrigam famílias a abandonarem seus territórios e refugiarem-se em países cuja cultura é totalmente diferente da sua, resultado é claro, uma outra forma de massacre, o ideológico. A Onu acaba por disponibilizar a estes, lugares estratégicos. Mogi das Cruzes é um deles. A cidade é pacífica, os palestinos se encontram em lugares afastados, não mantém um contato entre si, e encontram dificuldades de convívio com os próprios mogianos; sofrem por não conhecer o português e não ter completo domínio do inglês. A ONU lhes repassa uma quantia de 350,00 reais em média, variando de acordo com composição familiar, atividades, etc. Porém, estes palestinos encontram exímia dificuldades na obtenção de empregos, ou seja, desfrutam de baixa qualidade de vida. Os palestinos refugiados, encontram outras adversidades como problemas em atendimento médico; as mulheres palestinas não podem, por sua cultura, consultar-se em ginecologistas do sexo masculino, e quando não é o médico o homem em questão, enviam tradutores homens como acompanhantes. Há relatos de palestinos que foram enviados a asilos ou sanatórios. As histórias contadas precisam ser ouvidas.
Porém, em todos os momentos, a garota esteve ali, deteve alguns pensamentos, queria fazer algo de fato. O engraçado, é que, enquanto estava ali, refletindo, as pessoas passavam e lhe diziam: “Dance guria, Dance”...Ela não sabia dançar, mas não se incomodava de apenas assistir. Mas, um garoto puxou na para dança, era uma dessas pessoas extremamente carismáticas. Divertido, se ofereceu para apertar nela o botão de ligar. Ajudou-a no mexer dos passos. Em instantes, a garota estava ali, brincando e dançando. Até que todos ergueram os braços e começaram a gritar: “ Paz na Palestina”...Em seus pensamentos, ela sabia que aquilo era algo mínimo; mas o grito de um garoto chamou lhe a atenção, virou para observá-lo, deveria ter uns cinco anos, erguia os braços e gritava em um português perdido de um sotaque árabe. Ele olhou para ela e sorriu; ela memorizou este sorriso, de esperança infantil. A garota não se importou com o clichê e gritou “Paz na Palestina!!!”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Espelhos

Sempre possuiu antipatia aos espelhos. Inicialmente achava estranho pensar neles como uma parte da casa. Mas, em realidade era como imaginava todas as coisas. Acreditava que todos os objetos, pessoas que provinham de um espaço, estavam ali por um sentido. Não seria diferente com os espelhos.
Na infância, costumava imaginar os brinquedos se levantando a noite, para o esboço de suas vidas, em uma dimensão paralela é claro. Os espelhos representariam pois, o portal. Quando ouvia estórias de anjos, também imaginava a aparição destes oriunda deste portal, já que não lhe explicavam como algo de matéria diferente poderia introduzir-se nesse mundo.
De certa forma, detinha medo dos espelhos. Uma vez, ainda pequena, fez uma travessura e quebrou um. As pessoas alertaram lhe que como consequência, passaria por um período de sete anos de azar. A garota passou a atribuir a culpa de todos os seus empecilhos ao objeto cintilante, e a odiá-lo ainda mais. Como inimigo na batalha, este detinha uma forte arma, passou a exercer a tarefa mais intrigante em sua vida; mostrava-a que ela estava crescendo.
A garota ainda encontrava tempo para pensar nos espelhos, afinal, costumava pensar demais em tudo .Certa vez, posicionou um espelho na frente do outro, desejando desvendar os segredos que poderiam existir, porém, se assustou com a imensidão da imagem criada, e sentiu-se pequena e insignificante. Evidentemente, a garota não desistiu. Em outra tentativa, colocou uma madeira maior do que si, com abertura na altura dos olhos, objetivando olhar para o objeto e não encontrar sua imagem. O resultado lhe pareceu o cenário de um espetáculo sem personagens, mas o espelho permaneceu intacto, inviolável.
Com o tempo, se esqueceu do espelho, esqueceu-se de muitas coisas. O contato com eles fora mantido. Mas, a garota não pensava mais nos mistérios destes, e sim nos seus próprios.
Intrigava-se com sua imagem, não conseguia compreender suas formas; estas pareciam tão sem sentido. Costumava não simpatizar muito com suas feições, mas desistiu de pensar a respeito. O que mais lhe inquietava, era o fato de sentir-se tão viva por dentro, mas encontrar dificuldades e não saber mostrar-se totalmente por fora. No entanto, isso resultou em abertura aos aprendizados.
A garota conheceu pessoas, pessoas com sonhos, medos semelhantes, ou quando não eram semelhantes sabia haver a crença no desejo do outro. Descobriu no mundo, o valor da amizade, descobriu uma forma diferente e positiva de espelho, e a este, sempre mantém a simpátia.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Consciência

Cientistas e neurociêntistas alegam ser a memoria de um passado, a expectativa de um futuro, e a compreenção de possuir esta noção, o diferencial entre o cérebro do homem e o das demais espécies. Anteriormente, se acreditava, baseados em teoria de Crick e correntes como darwinismo social e sociobiologia, a ideia de determinação da mente pela genética, ou seja, os aspectos mais importantes da mente estariam codificados no DNA, e por meio destes, as capacidades inatas, as tendências e os comportamentos individuais, incluindo inteligência, preferências sexuais e preconceitos raciais. Contudo, novas teorias sobretudo com Edelman, propõem o funcionamento do sistema como oriundo de seleção. O darwinismo neural sustenta o posicionamento das ciências humanas, pois, a formação de circuitos entre os neurônios, e as ligações entre percepções, sentimentos, pensamentos e comportamento é determinada pela experiência e não pelos traços herdados geneticamente dos pais. Esta visão de consciência é comparável a concepção da natureza humana por Karl Marx; em geral, a necessidade e impulsos de se viver em comunidade e o controle do ambiente, ou seja o fato da criação dos próprios meios de produção, modificada e transformada em cada época histórica pelas circunstancias. Deriva-se desta natureza, o movimento da historia e os antagonismos sociais. E, neste aspecto que Edelman coloca que, se fosse inteiramente determinada pela genética, não haveria como promover mudanças qualitativas na espécie humana. E, é exatamente neste aspecto o atraente de minha atenção, sobretudo focado no cientifico. Edelman, e diversos neurociêntistas idealizam construir uma verdadeira consciência artificial. Entretanto, o projeto enfoca-se em maquinas evolucionarias, mais parecidas com os robôs da ficção cientifica do que com os atualmente existentes nas fábricas.
Ao meu modo, colocaria como forma de consciência artificial o desenrolar da trama cinematográfica o Show de Thruman. A vida do protagonista é completa e inviolavelmente criada e modelada, portanto a consciência artificial, seria toda vivência segundo padrões pré estabelecidos, segundos rotinas, conceitos e realizações já impostas aos seres. Se os estados de consciência são subjetivos e irredutíveis a qualquer definição ou padrão, podemos considerar a anulação do caráter individual - diferente, capaz de obtenção e produção de objetivos, vontades, ações e noção de seu meio - de cada ser como consciência artificial.
Fato instigante, é a vontade da criação da consciência artificial, a imagem e semelhança das ficções. Nas abordagens cinematográficas como A.I, Inteligência artificial e o Homem Bi Centenário, o robô ou consciência artificial passou por um processo evolutivo de criação, apresentando espetacular adaptação tecnologica, representando uma maior facilidade de vivência com o meio. Porém, em ambos os filmes, o personagem principal detém o desejo de se tornar humano e usufruir de sentimentos, referente único ao subjetivo e individual do ser. Haveria pois, um paradoxo? Ou denota a lição promovida pelo Mágico de Oz, o qual, já se é tudo aquilo cuja pretensão é de ser, bastando apenas olhar com diferentes olhos?
A tecnologia continua se desenvolvendo, criando novas facilidades e novas necessidades, e, o homem se perde em padrões e desigualdades. Pois bem, permanece a questão das consciências artificiais, da atuação de cada personagem em sua própria cena e no espetáculo como um todo. E, aos neurociêntistas, aos idealistas, permanece a questão ou ideia de ser ainda possível a melhora do homem?

Pensamentos

Sentia-se uma boba por ainda pensar tais coisas. O chapéu, era a imagem permanente. Um chapéu preto, revestido sobre o cabelo preto, ocasionalmente movidos por braços finos e longos; era tudo que conseguia visualizar. Sabia que por trás disso tudo, havia desenhos dançantes. Costumava pensar que poderiam ser os desenhos, as luzes coloridas os responsáveis pelo encanto.
Aliás, em seus pensamentos havia a dúvida sobre o que move as pessoas. Havia frequentado shows, cerimônias religiosas, eventos políticos; pode presenciar muitas pessoas em torno de uma causa comum. É claro, não fazia intencionalmente, mas por vezes, pequena, ao meio de tantas pessoas, desligava os seus sentidos e passava a os observar. Visualizava a cena como engraçada, bonita e até mesmo mágica: diversas pessoas pulando, ouvindo e decifrando uma melodia decodificada por exímios músicos. Mas, adorava quando ela própria vivia isso. Em cerimônias religiosas, se imprecionava com todos fechando os olhos ao mesmo tempo, ao som de uma única palavra. Neste aspecto, não havia certeza, não compreendia totalmente a fé, mas entendia que funcionava como um auxílio à muitas pessoas. Era preocupante, apenas quando decorria o contrário. Sabia que acreditava em algo, amorfo, antagônico, mas belo e por vezes, reconfortante. Já os ventos políticos soavam como um mistério maior, existem pessoas insatisfeitas, reivindicando melhorias, porém não há necessidade de encaminhá-las de forma vertical, as burocracias e hierarquias demonstram a história, tendem a cair no oportunismo e ditaduras. Pensava ser preciso a coerência, saber que a desigualdade existe, compreender que em sua maioria, os fatos são socialmente construídos. Odiava a passividade.
Mas enfim, o que movimenta as pessoas? Aparências, interesses o dinheiro? O dinheiro movimenta as pessoas ou as pessoas movimentam o dinheiro? A crise externa mundial é fruto do capital especulativo, e, propriamente do esgotamento de recursos. Com a história não sendo escrita de forma racional, na existência no cotidiano, as pessoas são movidas por semelhanças com outras, propósitos ou sonhos coloridos?
Era a hora de falar sobre seus sonhos; isso assustava é claro, sabia que por vezes não poderia controlá-los, e, sobretudo aquele conceito de que deveria empenhar-se por eles mantia-se ali, em algum canto do peito ou consciência. O que a colocava em choque, era saber não poder parar o tempo, e, certamente, não iria querer passar por cima de ninguém. De fato tinha esperança, mesmo sem ter a certeza de ser algo bom; diziam lhes ser bonito, mas por vezes ria por não saber se esperança é hipocrisia. Frase dita por um grande músico.
Contudo, não poderia mudar quem era. Lembrava-se de leituras cuja afirmação dizia a possibilidade de se reinventar. Mas como seria isso? Definitivamente, anular totalmente a espontaneidade não estava em seus planos.
Pois bem, “a vida dos outros”; poderia ser isso. Era incrivelmente fascinante como acreditava no sonho do outro. A garota pensava ser o mais envolvente as idiossincrasias dos seres que guardava em sua memoria. Havia uma menina incomodada com barulhos humanos, uma moça com exuberância de onomatopeias, um rapaz que encostava seu olho no alheio e dizia pegá-lo, um moço cuja forma de dormir se assemelhava a um cachorro.
Mas, e os seus sonhos coloridos? E sob descer as cataratas do Iguaçu com uma capa de chuva amarela? Olhou para os seus próprios olhos; aparentava ser forte...mas por vezes enterrou sonhos na areia, por vezes sufocava-se dentro de um trem.
Sentia-se uma boba por ainda acreditar em mudanças. Sabia possuir memória fotográfica, havia registrado coisas diversas. Sabia que existiriam outras à guardar. Visualizava o chapéu. Estaria voando, livre? Sabia que a imagem poderia passar. Saberia ser o que gostaria? Tocaria ainda, os braços longos? Ou o chapéu retornaria ao cabide?
Sentia-se com sono, resolveu dormir

Hipnotizante

O som estonteante de seu sorriso prendeu me em devaneios
Um labirinto sem fim
Sem respostas, sem sentido...
E meu mundo, mais uma vez pôs-se a girar.
Seus olhos, viravam-se mirando o horizonte
Como se me jogassem uma corda para fugir.

Mas a liberdade?
Está veio apenas com seus lábios...